segunda-feira, 15 de julho de 2013

A mulher samaritana, o poço e a eternidade.


Há umas  duas ou três semana atrás recebi um convite (muito inesperado) para falar em um congresso para jovens. Eu já estou quase que acostumada a fazer esse tipo de atividade, só que para bem menos pessoas e em locais e estruturas menores. Um congresso aspira responsabilidade. No começo fiquei bastante temerosa, mas por que temer em compartilhar a fé com outras pessoas? O tema era adoração e claro, fomos falar em "espírito e em verdade". A experiência foi ótima e Deus falou a todos os corações - inclusive o meu - por esta pregação. 
Fiz um esboço a fim de organizar o pensamento. Caso haja alguma dúvida, só perguntar nos comentários.


Soli Deo Gloria



Esboço de Pregação. São Gonçalo, 12 de Julho de 2013. Igreja: Ass. de Deus Monte Betel, Arsenal.

Texto Base: O SANTO EVANGELHO SEGUNDO S. JOÃO 4. 1-30; 39-42; 31-34.

CONTEXTO BÍBLICO:

Autor: João, o discípulo amado de Jesus. Pescador, irmão de Tiago, seguidor de João Batista.

Sobre o livro: Escrito 55 anos depois da morte de Jesus, não fez uma reprodução da vida, mas tentou interpretar a vida do Salvador. O tema gira em torno de ser Jesus o Filho de Deus (alguns presbíteros da Igreja da Ásia Menor pediram a João que escrevesse este Evangelho a fim de refutar uma doutrina que negava a deidade de Cristo propagada por um judeu chamado Cerinto. O propósito seria então de convencer os incrédulos e também fortalecer os crentes a permanecerem firmes. Uma das evidências da deidade de Jesus era o uso do termo “Eu sou”, que no hebraico remetia diretamente a Deus.
Ø  No caso desta passagem fica demonstrado que Jesus se revelara como o Cristo, filho de Deus, a reposta para os judeus entrando em total consonância com o propósito central do livro.

EXPLICAÇÃO: Jesus, após saber que os fariseus (judeus ultraconservadores, que observavam minimamente a lei e eram apegados à tradições) tinham ouvido dizer que Jesus batizava mais gente do que João, então saiu da Judeia e foi pra Galileia. Foi necessário que passasse por Samaria. Chegou então perto de um poço, cansado, sentou-se. Veio uma mulher e Jesus disse para ela “Dá-me de beber”. Enquanto isso os seus discípulos tinham ido comprar comida na cidade. A samaritana questiona porque aquele moço (que ela ainda não sabia ser Jesus) estava falando com ela, afinal de conta, esses dois povos não se davam bem. Eles discordavam quanto ao lugar de adoração; os samaritanos achavam ser o monte Gerazim e os judeus, Jerusalém.
            O Senhor então começa um diálogo com ela, dizendo que se ela o conhecesse, pediria água viva. Aí ela fica confusa e questiona se ele era maior do que Jacó (um dos seus pais). Jesus responde que a água que Ele tinha para oferecer, quem provasse dela, jamais tornaria a ter sede e dentro da pessoa passaria a jorrar fonte de água para a vida eterna. A mulher então pede a água para não ter mais sede e não precisar ir no poço retirar.
            Jesus pede para ela, então, chamar seu marido. Ela diz que não tem e Jesus diz que ela acertou, porque ela já havia tido cinco e o que com ela estava, não era nem marido. Sendo assim ela reconhece que havia algo diferente com aquele homem, chamando-o de profeta. Mudando rapidamente de assunto, ela questiona sobre o lugar de adoração, remetendo mais uma vez aos pais da religião (primeiro ela cita Jacó e agora a influência deles sobre essa questão). Jesus então diz que estavam numa hora que o local de adoração não era o mais importante. O que era realmente importante era quem era adorado. Complementou ainda dizendo que os samaritanos adoravam o que não conheciam porque a salvação vem dos judeus (Jesus). Na verdade, aquela era a hora em que os adoradores adorariam em espírito (“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado” Sl 51.17a), ou seja, não da boca pra fora ou apenas por religiosidade, tradição e em verdade (Jesus é a verdade, logo Ele é o único meio para adoração). O Pai procura quem assim adora por intermédio de Jesus, visto que ele é o Caminho. Jesus assume para ela que Ele era o próprio Cristo (Eu o sou). Os discípulos chegaram e ficaram surpresos com a situação. A mulher deixou o local e foi à cidade anunciar a Verdade de Jesus.

APLICAÇÃO:
Ø  V. 4 – Deus tem um propósito para todas as coisas. Ele não passou por lá em vão. Ele tinha algo pra fazer na vida não só da mulher como da Região, porque Cristo foi glorificado através de sua vida. Além disso, apesar da rixa entre os povos, Jesus, diferente de nós, não faz acepção de pessoas. A água viva significa uma vida com propósito e cheia do Espírito Santo. Ter um fonte desse tipo dentro de si era o caminho para a vida eterna. E para ter essa fonte, era necessário nascer de novo, reconhecer que Jesus é o Cristo.
Ø  A mulher foi humilde ao reconhecer que Ele poderia lhe dar essa água. Apenas a partir da humildade é que podemos ser cheios do Espírito Santo.
Ø  Jesus escolhe uma mulher pecadora (caso dos maridos) para revelar que Ele era Deus. Ele podia ter escolhido os religosos (até mesmo os fariseus que ficavam de burburinho), mas preferiu uma pecadora. Deus usa os pecadores (todos nós) para anunciar que Ele é o Senhor. Um outro aspecto importante é que a mulher logo que conheceu Jesus como Cristo saiu a anunciar ao povo. Que esse exemplo de evangelismo sirva a nós.
Ø  Jesus descobre a nossa alma. Assim como ele fez com aquela mulher, Ele é o único que nos sonda e que pode ver se há em nós algum caminho mal (“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mal e guia-me pelo caminho eterno” Sl 139. 23-24)
Ø  A mulher focalizava no local, quando na verdade o que interessava era o objeto da adoração. O tempo havia chegado de que não importava se eram Gerazim ou Jerusalém. A adoração estava centralizada em Cristo e não importava mais o local porque os filhos de Deus passaram a ser o templo do Espírito Santo (Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios 6:19)
Ø  A superficialidade fez com que ela questionasse sobre os pais da religião, demonstrando priorização no local e na tradição, quando Jesus chama a atenção para quem deve ser adorado. O local não é de suma importância, se você tem Deus como Pai e se nasceu de novo, se tem vivido uma vida de santidade.  A presença do Filho é o essencial para adoração.
Ø  A salvação vem dos judeus, porque a Salvação era Cristo, que estava ali, a promessa dos judeus cumprida. Um salvador possibilita que pecadores como nós possam conhecer a Deus, adorá-lo e chamá-lo de Pai.
Ø  Não há verdadeira religião sem Jesus. Não há verdadeira adoração sem Jesus.
Ø  Adoremos, porque a Salvação está aqui.
Ø  E que a nosso sustento seja fazer a vontade do Pai, realizando sua obra.

RESUMO: Propósito divino, humildade, homens pecadores, Jesus como Centro da adoração, Adoração em espírito (não da boca pra fora, mas de um espírito vivo em Cristo) e em verdade (centrada em Jesus, porque Ele é a verdade e com sinceridade), Fazer a vontade do Pai deve ser nosso sustento.

REFERÊNCIAS


PIPER, John. Não neste ou naquele monte, mas em espírito e em verdade. Disponível em <http://voltemosaoevangelho.com/blog/2010/03/agnosto-theo-john-piper-nao-neste-ou-naquele-monte-mas-em-espirito-e-em-verdade-13/>


LAWSON, S. J. A arte expositiva de João Calvino. Editora Fiel.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Ed. 1995. Flórida: Life Publishers, 1995.

A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Corrigida no Brasil. Ed. 1995. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

ROBERTO, B. Como ler o novo testamento. Ed. 1979. Rio de Janeiro: Edição Especial Ministérios de Nova Vida, 1979.

Um comentário:

  1. Puxa!
    Gostaria mesmo de ter visto essa explanação.
    Suas colocações foram perfeitas, pelo menos aqui, na teoria. Pois nunca, quando falamos, seguimos o escrevemos...
    Mas, ficou muito bom.
    Parabéns.

    Grande Abraça Camarada! :D

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